Rámon Sampedro (Javier Bardem) é um homem tetraplégico, preso a uma cama, que luta para ter o direito de pôr fim à sua própria vida. Na juventude ele sofreu um acidente, que o deixou tetraplégico e preso a uma cama por 28 anos. Lúcido e extremamente inteligente, Ramón ao tomar a decisão de querer morrer com dignidade gera problemas e polémicas com a igreja, a sociedade e até mesmo seus familiares. Rámon nunca desiste e luta por uma causa que acredita estar certa: o direito de morrer dignamente. É um filme sobre liberdade, pois, afinal, que limite encontra a liberdade humana? Somos livres para dispor da própria vida? Mas e quando a vida se torna uma prisão? Para Ramón, a morte é liberdade.
Rámon consciente, sente que viveu bem, mas sabe que sua vida depois do acidente se resumirá numa cama, paralisado, sobreviveu a esta condição por 28 anos e deseja a sua liberdade, voar como um pássaro, não deseja mais a humilhação de ser cuidado nas mais básicas actividades quotidianas de higiene e alimentação. Esta dependência, e o luto familiar diante do seu estado constituem em mensagens ambivalentes em que o conteúdo verbal vem sempre acompanhado do conteúdo não-verbal, ou seja, angústias e isolamento, porque mesmo tendo todo o carinho, nunca estará presente na mesa durante as refeições, portanto confirma a dor que envolve todos. Rámon deseja uma boa morte, sem dor, sem sofrimento. O facto de não ser compreendido por quase ninguém, causa muito sofrimento, no entanto mesmo preso a uma cama, ele sente amor, ternura, faz amizades, encontra pessoas e encontra sentido no não-sentido, mas em vez de distanciar-se da ideia da eutanásia, Rámon percebe a morte como algo mais próximo ainda, investe em buscar aliados e acaba recebendo ajuda na sua morte e esta ajuda que recebe, as novas amizades, a gravidez da amiga e o nascimento de uma nova vida resgata a vida que ele viveu, dá sentido á liberdade de fazer-se sentido, em viver, no sentido do que lhe seja mais humano.
Este filme aborda a relação entre vida e morte, a liberdade e a vida, a questão da autonomia e o direito de morrer com dignidade, a complexidade que envolve a linha divisória entre eutanásia e o suicídio dentro da sociedade capitalista, ou seja questiona os limites de cada um, os limites da ciência, da lei, do poder, a autonomia humana pessoal consciente, a validade de uma morte digna como sendo ética ou não e a respeito do sentido ético da lei. No entanto, este filme resgata sentimentos contraditórios cerca da perspectiva de viver livre e não em estado vegetativo, e este estado ser ao mesmo tempo repleto de criatividade e vida, mas não plenamente vivido, questionado enquanto ser ou não vivo.
Na minha opinião, se o direito à vida é um direito universal, e está consagrado como um dos princípios da humanidade então deveríamos de ser nós a escolher o destino dela. Ramón explicou a eutanásia da melhor forma possível quando disse: "Teremos nós o direito à vida se não podemos escolher a morte?", penso que a escolha de eutanásia, em casos em que a pessoa está consciente como Rámon devia de ser aceite pela sociedade, pois se temos direito á vida a morte é uma escolha que pertence á vida. O facto da eutanásia não ser aceite leva ao suicídio, uma morte muito mais dolorosa, uma morte que a sociedade compreende, pois consegue arranjar justificações, como distúrbios mentais, no entanto muitos só o fazem porque é a única forma de morrerem com dignidade, penso que a eutanásia devia de ser aceite e compreendida, pois existem imensas justificações para a escolha pela eutanásia, mas que ainda é um “taboo” para a sociedade.
Sem dúvida um filme que faz reflectir, confesso que vi este filme, um pouco sem interesse inicialmente porque me foi imposto para a disciplina de filosofia, ver o filme e posteriormente fazer um comentário (tudo o que escrevi anteriormente foi o meu comentário) e pensei que fosse um filme da "treta", no entanto enganei-me e fiquei surpreendida pelo lado positivo e sem dúvida um dos meus filmes favoritos!
P.S: Ver o filme sozinho